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terça-feira, 20 de novembro de 2012

O FIM DA SOLIDÃO



A borboleta amarela e preta
Se agitava, dançava, tremia
Em torno do ser esguio, mortificado
Pelo frio do mundo.

Era já na hora indecisa, mas um sol
Retardatário manchava de ouro o chão sombrio.

Revejo a face escura e pálida
Manchada pelo líquen, pelo pó
Das velhas folhas.

Revejo o olhar inocente e duro
Subitamente surpreendido pela ternura,
O olhar prisioneiro do tempo cruel,
Tocado pelo amor, animado pelo espanto do amor,
O olhar de fugitivo do abandonado,
De repente vencido pela certeza de que
Findara sua longa solidão.


Augusto Frederico Schmidt

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

MADRIGAL GRAVADO EM LACA



Quando a borboleta coroou a flor amarela
os lírios , em ângulo reto com seus caules,
fizeram uma profunda saudação...

Guimarães Rosa

sábado, 21 de julho de 2012

ELEGIA ... A UMA PEQUENA BORBOLETA



COMO CHEGAVAS do casulo, 
-inacabada seda viva! –
tuas antenas – fios soltos
da trama de que eras tecida,
e teus olhos, dois grãos da noite
de onde o teu mistério surgia,

como caíste sobre o mundo
inábil, na manhã tão clara,
sem mãe, sem guia, sem conselho,
e rolavas por uma escada
como papel, penugem, poeira,
com mais sonho e silêncio que asas,

minha mão tosca te agarrou
com uma dura, inocente culpa,
e é cinza de lua teu corpo,
meus dedos, sua sepultura.
Já desfeita e ainda palpitante,
Expiras sem noção nenhuma.

Ó bordado do véu do dia,
Transparência anêmona aérea!
Não leves meu rosto contigo:
Leva o pranto que te celebra,
No olho precário em que te acabas,
Meu remorso ajoelhado leva!


Cecília Meireles
In Retrato Natural

CAIO FERNANDO ABREU


Depois apareceu uma borboleta negra,
laranja e azul esvoaçando sem rumo e alguém disse
que elas viviam apenas vinte e quatro horas,
que não precisavam trabalhar nem montar um lar,
o lar eram as flores onde iam pousando descuidadas,
depositando seus ovos, e os filhos que se virassem sozinhos.
Mas antes alguém lembrou, ou ninguém,
talvez todos tenham pensado sem dizer,
antes foram crisálida, larva lenta, feia, cascuda, escura,
fechada sobre si mesma, elaborando em silêncio
e desbeleza as asas de mais tarde.


Caio Fernando Abreu

sábado, 14 de julho de 2012

DELORES PIRES



Espetada no ar
borboleta colorida
integra a paisagem.

Delores Pires,
in Passeio ao Luar

sexta-feira, 6 de julho de 2012

VICTOR HUGO



" Seja como os pássaros que,
ao pousarem, um instante,
sobre os ramos muito leves,
sentem-nos ceder, mas cantam!
Eles sabem que possuem asas "

Victor Hugo

quarta-feira, 4 de julho de 2012

BORBOLETAS



Ontem passou por aqui um meu ancestral,
que solfejava Bach:
“Fique conosco, Senhor, que a noite chega.”
Ele cantava assim nas estradas mais sujas.
E aquelas borboletas sobre uns ramos de
tomilho cantavam com ele.

Manoel de Barros

quinta-feira, 28 de junho de 2012

VIOLETA



Sempre teu lábio severo
Me chama de borboleta!
- Se eu deixo as rosas do prado
É só por ti - violeta!

Tu és formosa e modesta,
As outras são tão vaidosas!
Embora vivas na sombra
Amo-te mais do que às rosas.

A borboleta travessa
Vive de sol e de flores...
- Eu quero o sol de teus olhos,
O néctar dos teus amores!

Cativo de teu perfume
Não mais serei borboleta;
- Deixa eu durmir no teu seio,
Dá-me o teu mel - violeta!

Casimiro de Abreu

terça-feira, 26 de junho de 2012

ALBERT SCHWEITZER



Quando o homem aprender a respeitar até
o menor ser da criação, seja animal ou vegetal,
ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante.

Albert Schweitzer

segunda-feira, 25 de junho de 2012

CAMPESTRE



Das longínquas montanhas esfumadas
Transpondo os negros, alterosos cumes,
O astro-rei desponta em vivos lumes,
Banhando a selva, o campo, as esplanadas.

Abrem flores de pétalas nevadas
Pejando o ar de lânguidos perfumes;
Formosas borboletas, aos cardumes,
Voejam pelo campo estonteadas.

Sobre os ramos floridos, buliçosos,
Entoam docemente os passarinhos
Cantos suaves, trinos maviosos.

E aos casais, entre beijos e carinhos,
Arrulham pombos – noivos amorosos –
Na doce e branda tepidez dos ninhos.

Pe. Antônio Tomaz

sexta-feira, 22 de junho de 2012

BORBOLETA




Borboleta multicor
tu me lembras, ao passar,
um bilhetinho de amor
dobrado em dois, a voar...


J G de Araujo Jorge

segunda-feira, 18 de junho de 2012

CANTIGA



Nós somos como o perfume
da flor que não tinha vindo:
esperança do silêncio,
quando o mundo está dormindo.
Pareceu que houve o perfume...
E a flor, sem vir, se acabou.
Oh! abelha imaginativa!
o que o desejo inventou...

CECÍLIA MEIRELES

quinta-feira, 14 de junho de 2012

BORBOLETA



Voas ao léu...
Contente me trazes
recados do céu!
Livre como os rouxinóis
resplandeces à luz
de coloridos sóis!
Teus cantos silenciosos
são beijos ruidosos
em flores amantes
sorridentes e submissas,
ansiando carícias!

Teu pouso leve,
gentil,
de bailarina faceira,
tem tons bizarros assim,
muito feiticeira,
zunindo tuas asas
sem fim... sem fim...

Borboleta boêmia
brejeira é tua vida
e tão passageira;
eis que num leve toque
te fazes logo poeira

Enfeitas paisagens,
retocas pinturas
e transmudas
cenários de vidas
em mensagens tão pura!

Mas,
na pressa das primaveras
também feneces,
assim como nós,
na ilusão de corrermos
e afagarmos tantas quimeras!

Alvina Tzovenos
In Sonho e vivências 

domingo, 10 de junho de 2012

BORBOLETAS




Borboleta dos amores,
Como a outra sobre as flores,
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?

Pois essa alma é tão sedenta
Que um só amor não contenta
E louca quer variar?
Se já tens amores belos,
P'ra que vais dar teus desvelos
Aos goivos da beira-mar?

Não sabes que a flor traída
Na débil haste pendida
Em breve murcha será?
Que de ciúmes fenece
E nunca mais estremece
Aos beijos que a brisa dá?...

Borboleta dos amores,
Como a outra sobre as flores,
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?!

Tu vês a flor da campina,
E bela e terna e divina,
Tu dás-lhe o que essa alma tem;
Depois, passado o delírio,
Esqueces o pobre lírio
Em troca duma cecém!

Mas tu não sabes, louquinha,
Que a flor que pobre definha
Merece mais compaixão?
Que a desgraçada precisa,
Como do sopro da brisa,
Os ais do teu coração?

Borboleta dos amores,
Como a outra sobre as flores,
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?

Se a borboleta dourada
Esquece a rosa encarnada
Em troca duma outra flor;
Ela - a triste, molemente
Pendida sobre a corrente,
Falece à míngua d'amor.

Tu também minha inconstante
Tens tido mais dum amante
E nunca amaste a um só!
Eles morrem de saudade,
Mas tu na variedade
Vais vivendo e não tens dó!

Ai! és muito caprichosa!
Sem pena deixas a rosa
E vais beijar outras flores;
Esqueces os que te amam...
Por isso todos te chamam:
- Borboleta dos amores!


Casimiro de Abreu

sexta-feira, 8 de junho de 2012

QUE DIZER DA BORBOLETA



Que dizer da borboleta
que pousa de ramo em ramo?

Talvez ela não saiba
que meus olhos a veem voar no vento.

Talvez saiba.

Também o meu afecto
vai no vento e voa
e pousa nos ramos frágeis
da minha amada.

Casimiro de Brito

terça-feira, 5 de junho de 2012

A PEDRA




Pedra sendo
Eu tenho gosto de jazer no chão.
Só privo com lagarto e borboletas.
Certas conchas se abrigam em mim.
De meus interstícios crescem musgos.
Passarinhos me usam para afiar seus bicos.
Às vezes uma garça me ocupa de dia.
Fico louvoso.
Há outros privilégios de ser pedra:
a - Eu irrito o silêncio dos insetos.
b - Sou batido de luar nas solitudes.
c - Tomo banho de orvalho de manhã.
d - E o sol me cumprimenta por primeiro

Manoel de Barros 

domingo, 3 de junho de 2012

METAMORFOSE




 
As borboletas são as flores
que, enfim, conseguiram voar,
mas vivem a rondar as plantas
como quem ronda o antigo lar;


há sempre, pelo ar, um jardim
de rosa múltipla e jasmim,


e há, talvez, a vontade enorme
em tudo de perder seu peso,
ter a leveza de quem dorme,


ser a lembrança no abandono,
ou luz de estrela se apagando.


Alberto da Cunha Melo
In: Dois caminhos e uma oração

sexta-feira, 1 de junho de 2012

ASAS E AZARES


Voar com a asa ferida?

Abram alas quando eu falo.
Que mais que eu fiz na vida?
Fiz, pequeno, quando o tempo
estava todo ao meu lado
e o que se chama passado,
passatempo, pesadelo,
só me existia nos livros.
Fiz, depois, dono de mim,
quando tive que escolher
entre um abismo, o começo,
e essa história sem fim.
Asa ferida, asa ferida,
meu espaço, meu herói.
A asa arde. Voar, isso não dói.

Paulo Leminski

quinta-feira, 31 de maio de 2012

AS BORBOLETAS BRANCAS



As borboletas brancas
de vida tão breve
fogem duas a duas
entre o azul e o verde.
Tão paralelamente
e tão iguais de longe
(uma é a outra, uma é a outra...).
Ambas da mesma forma
e do mesmo tamanho,
ambas com o mesmo ritmo.
(uma é a outra, uma é a outra...).
O ar sustenta-as nos ares,
o ar separa-as nos ares,
como um reflexo na água,
uma é a outra, uma é a outra.
Flores de duas pétalas,
logo de quatro, de oito...
(uma e outra, uma e outra...).
Cada uma agora é dupla,
todas duas são uma...
chegam, juntam-se,afastam-se,
vêm, afastam-se, fogem...
... entre o azul e o verde
todas brancas desfolham-se...
( uma é a outra, uma é a outra...)
e passam de uma a outra,
e depois de uma e de outra
apenas são nenhuma.

Cecília Meireles

EPIGRAMA N.o 3


MUTILADOS jardins e primaveras abolidas
abriram seus miraculosos ramos
no cristal em que pousa a minha mão.

(Prodigioso perfume!)

Recompuseram-se tempos, formas, côres, vidas...

Ah! mundo vegetal, nós, humanos, choramos
só da incerteza da ressurreição.


Cecília Meireles ,
in Viagem


terça-feira, 29 de maio de 2012

MARK TWAIN


“Daqui a vinte anos sua maior frustração será com as coisas que você
deixou de fazer do que com as que você fez e deu errado. Então solte
as amarras e navegue para longe do porto-seguro. Pegue os ventos
de mudanças nas suas velas.

Explore.
Sonhe.
Descubra.”


Mark Twain

domingo, 27 de maio de 2012

ROSEANA MURRAY


Azuis e amarelas
borboletas preenchem o ar
que respiro
suas asas percorrem minha
pele,
entram em meu sangue,
deságuam nas mãos com que escrevo
este poema.


- Roseana Murray -

quinta-feira, 24 de maio de 2012

RUBEM ALVES


A vida precisa do vazio:
a lagarta dorme num vazio chamado casulo
até se transformar em borboleta.
A música precisa de um vazio chamado silêncio para ser ouvida.
Um poema precisa do vazio da folha de papel em branco para ser escrito.
E as pessoas, para serem belas e amadas,
precisam ter um vazio dentro delas.
A maioria acha o contrário;
pensa que o bom é ser cheio.
Essas são as pessoas que se acham cheias de verdades e sabedoria
e falam sem parar.
São umas chatas quando não são autoritárias.
Bonitas são as pessoas que falam pouco e sabem escutar.
A essas pessoas é fácil amar.
Elas estão cheias de vazio.
E é no vazio da distância que vive a saudade...

Rubem Alves

DESEJO



Quero asas de borboleta azul
para que eu encontre
o caminho do vento
o caminho da noite
a janela do tempo
o caminho de mim.

Roseana Murray


É PRECISO NÃO ESQUECER NADA



É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.

O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.
O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence.

Cecília Meireles


MIMETISMO



O sábio no jardim sorria
do artifício da borboleta
convertida em folha amarela
até com manchas e defeitos.
O sábio sorria daquela
mentira. O colorido embuste!
Ó fingimento desenhado
por cegos presságios e sustos!
Para salvar seu breve tempo,
- tempo de inseto! – dom dos vivos;
tinha a borboleta bordado
seu sigiloso mimetismo.
(Atrás das máscaras, que morte
pode alcançar o culto pólo
sensível, no pulsante abismo
onde a hora do existir se acolhe?)
Sendo e não sendo, perto e longe,
escondia-se, ignota e inquieta,
guardando, em paredes de medo,
à esperança da seiva eterna.
O sábio nos jardim sorria
do cauteloso fingimento,
de tênue silêncio expectante
sobre os universais segredos.

.
Cecília Meireles

terça-feira, 22 de maio de 2012

NEWTONIANA



Leve como a pluma
a borboleta tranqüila
flutuando no ar.


Delores Pires
In: O Livro dos Haicais

segunda-feira, 21 de maio de 2012

DESENHO QUASE ORIENTAL



Uma borboleta que voa
sobre uma flor que é o seu retrato,
numa arvore,
parece que chama por ela,
parece que adeja o convite
de amarem-se.


Parece que a flor lhe responde,
que é presa, sem asas, que vive
e morre
no ramo. Parece que é triste
não ir pela brisa de amores
bem longe.


Parece que as duas se entendem,
parece que as duas deploram.
Parece.
Mas sempre há uma brisa mais forte
que leva, com asas quebradas,
as pétalas...



Cecília Meireles
In: Poesia Completa

quarta-feira, 16 de maio de 2012

ANÍBAL MACHADO


Faça o que lhe digo. Solte primeiro uma borboleta.
Se não amanhecer depressa, solte outras de cores diferentes.
De vez em quando , faça partir um barco.
Veja ande vai.
Se for difícil, suprima o mar
E lance uma planície.


Aníbal Machado

terça-feira, 15 de maio de 2012

AQUARELA AZUL


Pousada sobre a flor,

frágil e bela em demasia!
Tão diáfana que não se sabia,
o que era borboleta, flor...
ou se era só poesia!
  
Tremem as pétalas lilases
ao vento breve.
Fremem as asas anis
à brisa leve.
 
E há um céu sem nuvens
no olhar do poeta,
entre o azul das asas
e o azul da pétala.
 
Lenise Marques


PRIMAVERA E VIDA



Manhã alegre,
canto de cigarra,
sol colorido,
natureza em flor.
É primavera nas nuvens brancas,
no azul festivo.
Borboleta
perpassa o ar
perfumado.
Pousa
na árvore
revestida
de brotos verdes.
É primavera
lá fora,
no pássaro que voa
beijando a flor,
no inseto que zumbe,
nas folhas clorofiladas,
nas pessoas...
É primavera.
Alegria.
Vida...


Delores Pires
In A Estrela e a Busca

VIDA DE FLOR


De verde anel de folhas a apertar-se infantis,
olha em redor e mal se atreve a contemplar:
sente-se rodeada por ondas de luz,
acha o dia e o verão estranhamente azuis.

Fazem-lhe a corte o vento, a luz, a borboleta:
pela primeira vez sorri, seu coração
abre-se aflito à vida, e aprende a se entregar
à sequência de sonhos da sua pouca idade.

Agora ri-se toda e fulguram-lhe as cores,
intumesce no cálice o dourado pólen,
prova o incêndio do meio-dia abafado,
e à tarde se reclina exausta na folhagem.

Seus bordos lembram lábios de mulher madura
em cujas linhas treme um pavor de velhice:
seu riso brota quente e já nele farejam
a saturação e o amargor do declínio.

Já se enrugam também, e se esgarçam e pendem
sobre o talo, cansadas, as pétalas miúdas.
As cores se desbotam, fantasmais: enorme
é o segredo que envolve o que na morte dorme.

Hermann Hesse
In Andares

SOL DE MARÇO


Embriagada de ardor matinal,
tonteia uma borboleta amarela.
Encolhido e com sono, um homem velho
descansa sentado junto à janela.

Entre as folhas da primavera, um dia
de viagem cantando partiu ele:
de uma porção de ruas a poeira
passou voando sobre os seus cabelos.

Naturalmente as árvores em flor
e as borboletas voando amarelas
parecem hoje as mesmas de outros tempos:
como se o tempo não tocasse nelas.

Os perfumes e as cores, entretanto,
tornaram-se mais finos e mais raros:
fez-se mais fria a luz, e o próprio ar
parece mais difícil respirar.

Como abelha a zumbir, a primavera
baixinho entoa os seus graciosos cantos:
a borboleta adeja em amarelo,
e o céu vibra em cristal de azul e branco.


Hermann Hesse
In Andares


DONALD MALSCHITZKY


Talvez a borboleta tenha
inveja da flor,
talvez a flor
da borboleta.
Talvez apenas se amem.


Donald Malschitzky
In Cabeça de Vento