A borboleta amarela e preta
Se agitava, dançava, tremia
Em torno do ser esguio, mortificado
Pelo frio do mundo.
Era já na hora indecisa, mas um sol
Retardatário manchava de ouro o chão sombrio.
Revejo a face escura e pálida
Manchada pelo líquen, pelo pó
Das velhas folhas.
Revejo o olhar inocente e duro
Subitamente surpreendido pela ternura,
O olhar prisioneiro do tempo cruel,
Tocado pelo amor, animado pelo espanto do amor,
O olhar de fugitivo do abandonado,
De repente vencido pela certeza de que
Findara sua longa solidão.
Augusto Frederico Schmidt