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quinta-feira, 27 de março de 2014
A BORBOLETA
Trazendo uma borboleta,
Volta Alfredo para casa.
Como é linda! É toda preta,
Com listas douradas na asa.
Tonta, nas mãos da criança,
Batendo as asas, num susto,
Quer fugir, porfia, cansa,
E treme, e respira a custo.
Contente, o menino grita:
“É a primeira que apanho,
“Mamãe vê como é bonita!
“Que cores e que tamanho!
“Como voava no mato!
“Vou sem demora pregá-la
“Por baixo do meu retrato,
“Numa parede da sala”.
Mas a mamãe, com carinho,
Lhe diz: “Que mal te fazia,
“Meu filho, esse animalzinho,
“Que livre e alegre vivia?
“Solta essa pobre coitada!
“Larga-lhe as asas, Alfredo!
“Vê como treme assustada…
“Vê como treme de medo…
“Para sem pena espetá-la
“Numa parede, menino,
“É necessário matá-la:
“Queres ser um assassino?”
Pensa Alfredo… E, de repente,
Solta a borboleta… E ela
Abre as asas livremente,
E foge pela janela.
“Assim, meu filho! Perdeste
“A borboleta dourada,
“Porém na estima cresceste
“De tua mãe adorada…
“Que cada um cumpra a sorte
“Das mãos de Deus recebida:
“Pois só pode dar a Morte
“Aquele que dá a Vida.”
Olavo Bilac
Em: Poesias Infantis
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