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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

TERNURA



Com as estrelas que deixei cair
de minhas asas de borboleta-transparente,
pedi à minha fada-madrinha
que bordasse, com linhas do infinito,

uma noite somente para meu amor.
E com as flores que deixei cair
De minhas folhas de violeta amadurecida,
Pedi ao meu anjo-da-guarda

Que bordasse, com linhas de eternidade,
Um céu branco e lilás
para ser o dia da noite do meu amor.


Oswaldo Antônio Begiato

"8"




Borboletas filiformes sobrevoam estes regatos tardios
escondem-se nos torrões da terra lavrada e desovam
plátanos espalham folhas semelhantes a complicados mapas topográficos

mais além
um acampamento cigano

caminho para a noite mas não tenho frio
é só o início dum provável outono
o acampamento recorta-se em contraluz
quando agressivos insectos trabalham recantos nómadas da memória

os ciganos possuem a sabedoria dos fogos acesos ao entardecer
quem poderá afirmar que um deles
o mais jovem
não aprende o mistério das cartas?
ou a mágica vida das linhas da mão?
a essa hora transmite-se de pai para filho
a arte dos insuspeitos ofícios do coração

as casas surgem de repente iluminadas por dentro
a paisagem envolveu-se de solidão
pressinto a força perfumada da terra subindo
ao medo da recente noite.


Al Berto