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sexta-feira, 1 de junho de 2012

ASAS E AZARES


Voar com a asa ferida?

Abram alas quando eu falo.
Que mais que eu fiz na vida?
Fiz, pequeno, quando o tempo
estava todo ao meu lado
e o que se chama passado,
passatempo, pesadelo,
só me existia nos livros.
Fiz, depois, dono de mim,
quando tive que escolher
entre um abismo, o começo,
e essa história sem fim.
Asa ferida, asa ferida,
meu espaço, meu herói.
A asa arde. Voar, isso não dói.

Paulo Leminski

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