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quinta-feira, 28 de junho de 2012

VIOLETA



Sempre teu lábio severo
Me chama de borboleta!
- Se eu deixo as rosas do prado
É só por ti - violeta!

Tu és formosa e modesta,
As outras são tão vaidosas!
Embora vivas na sombra
Amo-te mais do que às rosas.

A borboleta travessa
Vive de sol e de flores...
- Eu quero o sol de teus olhos,
O néctar dos teus amores!

Cativo de teu perfume
Não mais serei borboleta;
- Deixa eu durmir no teu seio,
Dá-me o teu mel - violeta!

Casimiro de Abreu

terça-feira, 26 de junho de 2012

ALBERT SCHWEITZER



Quando o homem aprender a respeitar até
o menor ser da criação, seja animal ou vegetal,
ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante.

Albert Schweitzer

segunda-feira, 25 de junho de 2012

CAMPESTRE



Das longínquas montanhas esfumadas
Transpondo os negros, alterosos cumes,
O astro-rei desponta em vivos lumes,
Banhando a selva, o campo, as esplanadas.

Abrem flores de pétalas nevadas
Pejando o ar de lânguidos perfumes;
Formosas borboletas, aos cardumes,
Voejam pelo campo estonteadas.

Sobre os ramos floridos, buliçosos,
Entoam docemente os passarinhos
Cantos suaves, trinos maviosos.

E aos casais, entre beijos e carinhos,
Arrulham pombos – noivos amorosos –
Na doce e branda tepidez dos ninhos.

Pe. Antônio Tomaz

sexta-feira, 22 de junho de 2012

BORBOLETA




Borboleta multicor
tu me lembras, ao passar,
um bilhetinho de amor
dobrado em dois, a voar...


J G de Araujo Jorge

segunda-feira, 18 de junho de 2012

CANTIGA



Nós somos como o perfume
da flor que não tinha vindo:
esperança do silêncio,
quando o mundo está dormindo.
Pareceu que houve o perfume...
E a flor, sem vir, se acabou.
Oh! abelha imaginativa!
o que o desejo inventou...

CECÍLIA MEIRELES

quinta-feira, 14 de junho de 2012

BORBOLETA



Voas ao léu...
Contente me trazes
recados do céu!
Livre como os rouxinóis
resplandeces à luz
de coloridos sóis!
Teus cantos silenciosos
são beijos ruidosos
em flores amantes
sorridentes e submissas,
ansiando carícias!

Teu pouso leve,
gentil,
de bailarina faceira,
tem tons bizarros assim,
muito feiticeira,
zunindo tuas asas
sem fim... sem fim...

Borboleta boêmia
brejeira é tua vida
e tão passageira;
eis que num leve toque
te fazes logo poeira

Enfeitas paisagens,
retocas pinturas
e transmudas
cenários de vidas
em mensagens tão pura!

Mas,
na pressa das primaveras
também feneces,
assim como nós,
na ilusão de corrermos
e afagarmos tantas quimeras!

Alvina Tzovenos
In Sonho e vivências 

domingo, 10 de junho de 2012

BORBOLETAS




Borboleta dos amores,
Como a outra sobre as flores,
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?

Pois essa alma é tão sedenta
Que um só amor não contenta
E louca quer variar?
Se já tens amores belos,
P'ra que vais dar teus desvelos
Aos goivos da beira-mar?

Não sabes que a flor traída
Na débil haste pendida
Em breve murcha será?
Que de ciúmes fenece
E nunca mais estremece
Aos beijos que a brisa dá?...

Borboleta dos amores,
Como a outra sobre as flores,
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?!

Tu vês a flor da campina,
E bela e terna e divina,
Tu dás-lhe o que essa alma tem;
Depois, passado o delírio,
Esqueces o pobre lírio
Em troca duma cecém!

Mas tu não sabes, louquinha,
Que a flor que pobre definha
Merece mais compaixão?
Que a desgraçada precisa,
Como do sopro da brisa,
Os ais do teu coração?

Borboleta dos amores,
Como a outra sobre as flores,
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?

Se a borboleta dourada
Esquece a rosa encarnada
Em troca duma outra flor;
Ela - a triste, molemente
Pendida sobre a corrente,
Falece à míngua d'amor.

Tu também minha inconstante
Tens tido mais dum amante
E nunca amaste a um só!
Eles morrem de saudade,
Mas tu na variedade
Vais vivendo e não tens dó!

Ai! és muito caprichosa!
Sem pena deixas a rosa
E vais beijar outras flores;
Esqueces os que te amam...
Por isso todos te chamam:
- Borboleta dos amores!


Casimiro de Abreu

sexta-feira, 8 de junho de 2012

QUE DIZER DA BORBOLETA



Que dizer da borboleta
que pousa de ramo em ramo?

Talvez ela não saiba
que meus olhos a veem voar no vento.

Talvez saiba.

Também o meu afecto
vai no vento e voa
e pousa nos ramos frágeis
da minha amada.

Casimiro de Brito

terça-feira, 5 de junho de 2012

A PEDRA




Pedra sendo
Eu tenho gosto de jazer no chão.
Só privo com lagarto e borboletas.
Certas conchas se abrigam em mim.
De meus interstícios crescem musgos.
Passarinhos me usam para afiar seus bicos.
Às vezes uma garça me ocupa de dia.
Fico louvoso.
Há outros privilégios de ser pedra:
a - Eu irrito o silêncio dos insetos.
b - Sou batido de luar nas solitudes.
c - Tomo banho de orvalho de manhã.
d - E o sol me cumprimenta por primeiro

Manoel de Barros 

domingo, 3 de junho de 2012

METAMORFOSE




 
As borboletas são as flores
que, enfim, conseguiram voar,
mas vivem a rondar as plantas
como quem ronda o antigo lar;


há sempre, pelo ar, um jardim
de rosa múltipla e jasmim,


e há, talvez, a vontade enorme
em tudo de perder seu peso,
ter a leveza de quem dorme,


ser a lembrança no abandono,
ou luz de estrela se apagando.


Alberto da Cunha Melo
In: Dois caminhos e uma oração

sexta-feira, 1 de junho de 2012

ASAS E AZARES


Voar com a asa ferida?

Abram alas quando eu falo.
Que mais que eu fiz na vida?
Fiz, pequeno, quando o tempo
estava todo ao meu lado
e o que se chama passado,
passatempo, pesadelo,
só me existia nos livros.
Fiz, depois, dono de mim,
quando tive que escolher
entre um abismo, o começo,
e essa história sem fim.
Asa ferida, asa ferida,
meu espaço, meu herói.
A asa arde. Voar, isso não dói.

Paulo Leminski